Excomungado por se posicionar em redes sociais pela aceitação da homossexualidade e bissexualidade dentro da igreja católica, Roberto Francisco Daniel, o Padre Beto, virá à Bahia, no caso ao distrito de Trancoso, em Porto Seguro, para celebrar um casamento entre dois médicos. No próximo dia 23 de janeiro, os noivos Alberto Cordeiro e Augusto Romão irão se unir (na forma civil, já que a igreja ainda condena o procedimento) e escolheram Beto pela defesa da causa. Desde a excomunhão, o religioso passou a celebrar casamentos dos chamados “excluídos da igreja”, no caso “divorciados e gays”, como conta em entrevista ao Bahia Notícias. “É preciso ter a compreensão de que o relacionamento amoroso pode surgir entre duas pessoas do mesmo sexo”, pontua o religioso que fará o primeiro casamento celebrado por
ele entre duas pessoas do mesmo sexo na Bahia.
Antes, já participou de quatro casamentos entre gays: em Jaú, interior de São Paulo, em Belém do Pará, e dois em Vitória, no Espírito Santo. Em relação à expectativa em torno do casamento em Trancoso, Beto diz que não se preocupa com ações de intolerância. “Pelo contrário. Acredito que os baianos vejam com a maior naturalidade. A impressão que tenho é que os baianos são os mais abertos entre os nordestinos e são mais até do que os paulistas”, comenta. O padre tem mais ressalvas a respeito do pensamento da Igreja. Para Beto, mesmo que o papa Francisco tenha tornado o exercício do cargo mais próximo da realidade, o reconhecimento dos gays pelo Vaticano ainda é uma incógnita. “Mesmo que ele tenha dado mostra de que gostaria de mudanças, ele não tem condição de fazer isso, o que gera algo contraditório”, declara. Em relação à ideia de pecado, o padre argumenta que não há porque ter misericórdia com os homossexuais. “Não cabe isso, porque misericórdia nós temos com quem erra, e o homossexual, a lésbica, não cometem nenhum pecado por serem quem são”, acrescenta. O casamento em Trancoso faz parte da militância do padre. No começo do ano passado, ele fundou a própria igreja, intitulada de “Humanidade Livre”, para também casar o discurso com a prática.
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