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segunda-feira, 16 de maio de 2016

Esperamos que se abra a caixa-preta do BNDES, diz procurador do TCU

A história do impeachment de Dilma Rousseff vai reservar um capítulo especial a um brasiliense de 47 anos, que estudou em escolas públicas e morou na Candangolândia e no Guará, quando aquelas cidades não tinham asfalto. Procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Júlio Marcelo de Oliveira é o responsável, em grande parte, pelo inferno petista.

Filho de pioneiros e graduado pela Universidade de Brasília (UnB), ele é o autor da representação que levou à reprovação das contas de 2014 da presidente, por fraude fiscal, a maquiagem orçamentária que ficou popularmente conhecida como pedaladas. Em pleno ano eleitoral, quando a economia já dava sinais de retração, com queda na arrecadação, o governo pisou no acelerador. Bancos públicos passaram a financiar programas sociais, seguindo a “contabilidade destrutiva” sob responsabilidade de Dilma Rousseff e mais 17 autoridades do governo federal. Ao Correio Braziliense, Júlio Marcelo ressalta que as irregularidades identificadas pelo TCU e que constam na denúncia que resultou no afastamento da petista são apenas parte de um conjunto de operações suspeitas. O procurador diz que o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) precisa ser investigado. “O banco foi utilizado como fonte de financiamentos subsidiados em larguíssima escala, inédita. Foram R$ 500 bilhões em seis anos”, afirma Júlio Marcelo
.


A crise econômica, a falta de apoio político e as denúncias da Lava-Jato criaram o pano de fundo para a abertura do processo de impeachment. Mas o tema do processo a tramitar no Senado serão as pedaladas apontadas pelo procurador. Júlio Marcelo acredita que essa explicação cabe apenas à petista. Mesmo tendo assinado decretos relacionados a aumentos de despesas, o vice-presidente Michel Temer, agora no exercício da presidência, não pode ser responsabilizado pelos erros do governo de Dilma. “Todos sabemos que vice é uma figura meramente decorativa”, acredita ele.

O procurador ainda vai despertar polêmicas no plenário do TCU. É dele também uma representação que pede avaliação de 17 gestores do governo de Dilma, entre os quais o ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa e o ex-presidente do Banco Central Alexandre Tombini. Como Dilma, eles poderão ficar impedidos de exercer cargos públicos.

A afronta à moralidade fiscal, segundo o procurador, vai para o contribuinte com arrocho, redução nos investimentos e prováveis aumentos de impostos. Para Júlio Marcelo, chegou a hora de o eleitor passar a avaliar se as promessas dos políticos em campanha têm lastro, podem ser cumpridas ou representam apenas ilusões para vencer as eleições. A cultura brasileira, afirma, é de gastanças. Políticos gostam de aumentar salários, fazer grandes obras, sem pensar em como vão pagar. “Ninguém se preocupa em reduzir dívidas”, afirma o brasiliense. Em casa, Júlio Marcelo faz o que prega ao governo federal. “Sempre fui um poupador”, conta.

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