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sábado, 18 de março de 2017

“O que faria um homem matar a esposa e o filho?”; saiba o que dizem os terapeutas

Tragédia chocou a população e caso está sendo investigado pela Polícia

Era quarta-feira, 15 de março de 2017, quando a notícia de uma tragédia chocou a população de Salvador. Um grupo de pessoas, policiais, jornalistas e curiosos se aglomeravam em frente ao edifício Arpoador, localizado na Rua Clara Nunes, no bairro na Pituba.

Segundo informações da Polícia, um pai teria matado a esposa e o filho de 11 anos, e posteriormente teria se suicidado.

Relatos do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) afirmaram que o pai teria chegado ao prédio onde morava por volta das 1h30 da madrugada e os disparos foram ouvidos cerca de meia hora depois. O homem foi encontrado morto com um tiro na cabeça, enquanto mãe e filho morreram com três tiros cada um.

Um perito do Departamento de Polícia Técnica (DPT) confirmou que a arma foi encontrada na mão do pai da criança e a casa não tinha nenhum sinal de arrombamento. Os corpos da criança e do pai estavam no quarto do casal. Já o corpo da mulher, foi encontrado dentro do quarto do filho.

Cláudio Guimarães Müller de Azevedo era subtenente da Policia Militar, e sua esposa, Catarina Müller, era fisioterapeuta e professora de pilates. Aparentemente, uma família feliz, como mostram as fotos nas redes sociais.

A possibilidade do duplo homicídio seguido por suicídio intrigou a população. “O que faria um pai matar a esposa e o filho, tirando sua própria vida?”, essa é a pergunta que ronda na cabeça das pessoas que souberam da trágica e inesperada notícia.

A equipe de reportagem do Varela Notícias conversou com alguns especialistas em saúde mental, para analisar as possibilidades que fariam um indivíduo cometer este ato.

Para o médico e psicoterapeuta, Antônio Pedreira, algumas suposições são comuns em casos como este, diante das informações que foram apresentadas até o momento.


“Mesmo com a escassez de informações, podemos aventar algumas hipóteses do que poderia ter ocorrido. Quando uma relação conjugal está sofrendo algum desgaste, como é frequente em vínculos de longa duração, é comum ocorrer discussões que desgastam mais ainda a convivência do casal. Não raro surgem ameaças de separação, que se tornam cada vez mais corriqueiras, incrementadas por agressões verbais, morais e até mesmo físicas”, analisou o especialista.

“Neste episódio consta que o homem chegou de madrugada, não sabemos se alcoolizado ou drogado. A esposa pode ter protestado ou ameaçado separar-se. Não raro pais ou mães que se viram ameaçados de perder a guarda dos filhos, em vida, cometem homicídio seguido de suicídio”, explicou o psicoterapeuta.

Segundo ele, há também a possibilidade de um surto psicótico, que pode ocorrer com pessoas que sofrem de esquizofrenia.

“Há informações de que ele estava com humor depressivo, o que não invalida o depoimento de colegas de que ele era um cara muito equilibrado no ambiente profissional. O surto poderia ser desencadeado por uso de alguma droga”, observou, ressaltando que estas são apenas possibilidades sujeitas à melhor apreciação mediante dados mais completos.

Mudanças comportamentais – Para o médico e psicoterapeuta Moacir Oliveira, um indivíduo que protagoniza um ato desses deveria vir apresentando algumas modificações comportamentais, muitas vezes não percebidas pela família, amigos ou vizinhos.

“A vida agitada e as relações atuais, vivenciadas de forma virtual, dificultam a percepção do outro. Precisamos avaliar este caso à luz da psiquiatria forense. Há homicídios nos quais o suicídio não estava planejado, vindo depois em consequência do remorso, assim como, há casos em que o homicídio e suicídio são planejados”, explicou. “Não há dúvida de que doenças mentais, particularmente a depressão, contribuem para esses casos”, concluiu.

Segundo ele, uma pessoa incapaz de enfrentar uma rejeição inesperada ou uma mudança radical na vida poderia ter um comportamento desse tipo.

“É um caso complexo para análise, pois, não tenho dados concretos sobre a vida dos envolvidos nesse caso e o relato de testemunhas pode não corresponder à realidade sobre a personalidade de uma pessoa”, avaliou.

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